segunda-feira, 21 de maio de 2012

Monopólio de conquistas!

Pudesse eu voar e não correria mais. Pudesse eu gritar e não me calaria mais. Pudesse eu... tantos se's que me preenchem o dia-a-dia e o concreto para não ser realidade alcançável!
Voaria, sim, voaria para não ter que ver de tão perto as mesquinhices que parecem ser o pilar de muitas fundações que se erguem aparentemente fortes! Gritaria para fazer ouvir o silêncio que à muito me cala os pulmões que se enchem de ar que não podem libertar! Arrancaria das paredes que me rodeiam todos estes se's e destruía todas as barreiras que me impedem de chegar, mesmo que por terra, até ao destino que tenho assinalado no mapa que um labirinto encerra. Gostava de muitas vezes poder estalar os dedos e fazer tudo desvanecer numa ápice e fingir que tudo corre bem! Ora, mas que besteira digo? Fingir? Ilusões? Que as leve o vento. A vida não pode nem deve ser construída com base nesses tais pilares que a falsidade faz enraizar nas mentes de muitos que se acham senhores do reino.
Porquê essa necessidade, essa sede de posse? Porquê essa incansável sede de poder e de ser a mão por de trás das marionetas que insistes em criar? PÁRA! Pára de tentar conquistar os que a outros pertence, vive por ti, vive com os outros e não contra eles. Porquê ver em todos um potencial adversário?  Se um dia conseguires partilhar o monopólio da vida então não irás sentir sempre essa necessidade de comprar todas as casas e de passar constantemente pela casa de partida! Aprende a jogar vivendo e não queiras viver a jogar!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Inconstante trilho!

O relógio continua num "tic-tac, tic-tac..." infindável (melhor assim, parava o tempo se assim não fosse) e eu neste frenesim que me atormenta o sossego e faz de mim um pêndulo à procura do equilíbrio que me fizeram perder. Veio uma palavra dali, um murmuro dali e lá se foi a confiança, lá se esvoaçou o "não sei quê" que me mantinha forte! Pensava eu ser capaz de ultrapassar a tempestade sem ser abalroado e... e tudo caiu por terra. Tivesse eu braços para me agarrar à firmeza de um presente seguro, de um presente certo e não me abalavam as palavras que ditou o rei lá do alto trono. Esse que dita que correntes terão os rios, que montes irá o sol iluminar, que vidas irão seu caprichos afectar! Ah que se dane esse que pensa ser senhor da decisão final. Decisões e palavras de ordem leva-as o vento! Falem-me de atitudes, falem-me de acções, de emoções, de experiências, de entrega, falem de tudo o que me permite ser alguém que se não rege nem deixa reger pelo vazio e imponderado "faz isto!". Ora, basta de ser marioneta nas mãos da tirania que me leva a força para terras que desconheço e que não quero sequer alcançar. Se lá chegasse preferia perder o rumo a tudo pois teria igualado aquele que para lá me enviara.

Força, suporte, apoio, é nestes pilares que assenta o presente e o futuro que quero ver ser construído. Se ainda não existem, construam-se! Se já existem, fortaleçam-se ainda mais e tudo corre pelo melhor. Não quero ser um era que cresce agarrada, fixa e estática, a uma parede, quero ser uma erva daninha que, mesmo que rejeitada e depreciada muitas vezes, cresça livre e sem que semente alguma me obrigue a ter de coabitar onde uma mão me quis plantar. Reguem-me de espírito e de vontade e então crescerei e poderei partir em busca do equilíbrio que preciso para depois traçar um caminho. Caminho sem fim, desconhecido e possivelmente calculado, mas um caminho que à minha e somente à minha mercê foi criado! Se quiserem fazer parte deste trilho, então tragam pedras e trabalhamos juntos para as esculpir, não se limitem a atirá-las!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Frágil trono!

Surge, sentado no trono com toda a pompa e circunstância, o todo poderoso, sua majestade o Rei! 
Botões reforçados, não vá a sua real barriga exceder as expectativas do tão abençoado alimento, e coroa empenada na cabeça, assim se acomoda sua realeza. Não fosse a burguesia gente de muita posse, enxerga no salão os pajens que, alinhados, se mostram apáticos e dispostos a fazer o que a tal brilhante mente se lhe apetecer caprichar. Passa o 1º passagem a mensagem aos restantes e assim se instala a confusão. "Quer o senhor os pés lavados com água dos jardins Helénicos?", "quererá, ao invés, um afortunado banho num dos seus reais banheiros?", "Ou será que qualquer um basta para satisfazer os caprichos do Senhor?"! Questionam-se os pajens sem sequer recordar (e a experiência é alguma) que façam o que fizerem, tomem a opção que tomarem como a mais viável, sua senhoria terá sempre um ervilha a fazer-lhe incómodo.
Acalma-se o senhor... adormeceu! Ora se não faltaria então a já conhecida preguiça que tão característica que lhe é. Fosse sua excelência Deus na terra e estaria o caldo entornado, e não me refiro ao que tinha no regaço quando adormeceu, não, falo sim dos pecados que tanto cobiça cometer e que a imagem que aparenta apresentar aos súbditos assim o impedem.
Ora, mas porque me engano? É dito e sabido que os pajens são surdos, são cegos, marionetas... enfim, são aquilo que o grande se lembrar que sejam! Vá-se lá sua senhoria lembrar de fazer da criada uma galinha e esta ainda acaba por ser osso na bandeja de prata que antes tinha de polir sem aparente razão ou causa que assim o justifique. Acaba então o jantar (pela 2ª vez, creio) e vai o senhor repousar a tirania na cama que herdou do avô e que a preguiça ordenou manter no quarto que cheira a dinastias passadas. Uma criada desdobra o lençol, a segunda ajuda-a, a terceira vem, gentilmente, descalçar os cansados pés de sua majestade (não fosse o peso do poder bastante) e assim se dá início ao complicado ritual que apenas lhe implicava que se deslocasse dois ou três passinhos.
Novo dia! Senta-se no trono a quem o dever assim manda e depara-se com a sala vazia. Grita pelos pajens e nenhum acode, grita pelos conselheiros e resposta não obtém, grita vezes sem conta (só até que se lhe canse a voz) e vivalma alguma dá de seu parecer. Diz-lhe a esposa que todos abandonaram o reinado. Enraivecido e em desespero por se ver sem quem lhe satisfaça os devaneios, grita: "Enlouqueceram? Não sabem quem detém o poder máximo? El Rei, será a resposta!". Ao ouvir tal discursata, pensa a cozinheira que voltou a buscar o farnel: "Pobre homem, toda a vida foi senhor e agora não tem sequer quem dele faça rei."
Cai o trono, cai o Rei, cai a virilidade que outrora ostentava... faz-se do poder nada e perde o senhor a coroa que não lembra ter sido feita pela mão de quem lhe obedecia!