terça-feira, 26 de junho de 2012

Cercos (in)finitos!

Sobes a árvores, arriscas, vais mais rápido que te permitem as pernas já em esforço, entras num jogo sem regras conhecidas, levas em frente um percurso que parece ser cada vez menos teu, constróis fios... mas acabas sempre por cair na teia que outros teceram! Tentas libertar-te de amarras que parecem tão vulneráveis mas que fazem de ti um ser enfraquecido, sem bússola ou mapa por onde traçar rotas em que confiar, ficas perdido.

É precisamente esta batalha constante que faz de ti um lutador, alguém que cai uma, duas, as vezes que for preciso, mas nunca desiste. Já quase sem cordas a que te prender, olhas sempre mais além na expectativa de achar uma pedra, por pouco sólida que seja, para escalares nesta pirâmide do poder cujo sentido não encontras e pelo qual preferias não ter que lutar. 

Não vês o quanto estás a aprender? O quanto estás a fazer por ti mesmo, para que sejas cada vez mais forte e que sejas capaz de construir e polir as tuas próprias rochas, estas mais consolidadas, que te alimentem a vontade e te engrandeçam a coragem? Então anda, ergue-te desse fosso onde te escondes e quebra as muralhas que foste construindo junto daqueles que te queriam ver cada vez mais cercado!

Sim, sim é difícil estar sempre a remar contra a maré! Sim, é difícil ter de sorrir quando na verdade apenas queres verter as lágrimas que alguns pensam ser sinal de fraqueza. Essas são na verdade as lágrimas de alguém que reconhece ter errado e se orgulha de poder dizer "eu tentei"! Tentar, será provavelmente esta a palavra que muitos negam ser a chave para o sucesso mas que é a base para ser mais que um mero espectador. Um espectador que observa de forma passiva a sua vida - que cada vez menos assim o é - e deixa que sejam os outros a construir os mapas onde anota os pontos por que quer passar, aqueles que o levariam ao local onde se encontra aquilo que mais anseia.

Ora, pudesse eu responder a estas questões e resolver estes pequenos enigmas e não deixaria mais que o papel onde vai caindo uma tinta chamada de "experiência" fosse produzido pela mão que tanto insiste em intrometer-se num texto que devo ser eu a escrever e a protagonizar. Quando esse dia chegar, que se afastem todas as mãos que um dia tentaram ser a muralha que me cercava e que agora começo a deitar a baixo! 

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Sangue real... vontades esquecidas!

Entrais. Entrais repentina - como em todos os vossos gestos - com sublime toque de mulher grotesca. Senhora dos ventos, progenitora das montanhas, filha da tempestade, heis que vos apresentais, tão imponente que nem vosso nome ouso conhecer (se o conhecesse passaria dias a pronunciá-lo, tal como faria um pequenito que fatidicamente repetiu, em tempos, o nome de seu pai quando o viu partir de corpo cravado na armadura que o ferro do rei havia forjado)! 

Assim vos julgo ver: olhos desconfiados, nariz aguçado como a lança que trazeis ao peito, mãos de princesa cravadas de batalhas por outros travadas! Mas julgo, julgo porque temo enxergar com certezas criatura tal que pelo próprio pai foi descartada. Talvez por medo, é certo, talvez o tenha feito precisamente por temer os olhos que, encobertos por choros, se faziam já cortantes. 

Dessem-te vestes de camponesa e assim o serieis! Mas os corrompidos tecidos que vossa avó desviou de um outro reino, mais forte e rico por ventura, não vos libertam das amarras que o sangue do Senhor vos colocou nas veias. Não deste modo, não tirando o ouro ao intocável berço em que haveis nascido.

Ah princesa, como pareceis alta de onde vos vislumbro, tão senhora de si, tão apoiada e sustentada por pilares que as mãos de meu pai construíram antes de o vosso lhe ter colocado a espada e a armadura às costas, que já mal se erguiam. Não que fosse velho, não, apenas porque o trabalho da forja lhe tinha roubado a rigidez para o ferro que o levou a morrer em campos. (E neste momento lembrei como era forte o abraço que me havia dado aquando do tirano chamamento de sua realeza)

Como sois ingénua minha senhora, deixais que vos atirem para uma cama, imunda de tanta vergonha que nela já se acomodou, e que continua a ser palanque de cortejos infundados que apenas vos querem colocar filhos no ventre para que assim não sucumbam ao peso da coroa que tanto anseiam possuir.

Não o façais senhora, não o façais! Jurei por meu pai que haveria de vos salvar destas garras imperiais. Tomai voz, lutai contra os céus e contra os que donos deles se julgam! Em vez de filhos, dai à luz ventos e chamai vossa mãe! Dizei-lhe que traga tempestades e então isolai senhor vosso nas montanhas, tal como ele um dia me isolou nas muralhas deste reino, sem pai a quem me agarrar quando as suas servas me incorriam por pedir por um colo de mãe que não conheci nem pude velar!


I've been wondering, is this right?

Allow me to say a few words:  
the more you look, the less you'll find!
 


 Fonte da imagem: http://imagensdapoesia.blogspot.pt/2008/09/pegadas-na-areia.html

Now that you heard it, will you do it?

- Yes? Ok, so open your eyes and see what's right in front of your nose.

- No? Than, let me advise you, keep trying to find out the answer or the person you know you may never find! But, yes, you're right, there's always a "maybe"!


(Permite-me que te diga algumas palavras: quanto mais procuras, menos vais encontrar! 
Agora que me ouvis-te, vais fazê-lo?
- Sim? Ok, então abre os olhos e o que está mesmo à frente do teu nariz.
- Não? Então, deixa-me aconselhar-te, continua a tentar descobrir a resposta ou a pessoa que sabes que poderás nunca encontrar! Mas, sim,tens razão, há sempre um "talvez"!)

terça-feira, 12 de junho de 2012

Oportunidade...

   Os teus olhos... Ah esses teus olhos, capazes de perfurar vontades e de arrebatar desejos. Soubesse eu o que eles escondem, que segredos guardam e que poder ostentam e tudo seria mais simples! Não fosses tu portadora de tal capacidade e dir-te-ia como esse teu olhar me atinge de rompante e me transforma num oceano que, de tão imenso, se faz onda e se movimenta sem direcção ou intensidade mensurável. Não que me faltem as palavras, não, apenas não consigo escolher (por não saber) quais as que quebrariam a gélida barreira que nos separa e que cada vez mais nos afasta de uma realidade por ambos conhecida. É precisamente esta incapacidade, esta incerteza que me avassala o pensamento e me faz congelar à mercê das tuas escolhas, das quais algumas parece nem teres consciência de fazer.
   Por vezes aparentas nem ser tu a detentora de tais acções! Esse tom de senhora de si e de alguém cuja frieza se alimenta do olhar fraco de quem te segue, essa forma de ser que faz de ti pessoa incompreensível e inacessível, esse gesto tão promiscuo que protagonizas, tudo aquilo que me faz prender a ti, a essa personalidade que tem tudo de imperfeita mas que me fascina!
   Sabes o quanto me atormentas ao adormecer? Conheces, por ventura, a imensidão de sentimentos que me obrigas a esconder por não t'os poder demonstrar? Lamentas o facto de me julgares e rejeitares sem sequer deixares que me dê a conhecer? Conheces ao menos quem te dirige estas questões e porque o faz? Temo em afirmar que a resposta seja negativa! 

   Permite, permite pelo menos uma vez, que seja um "eu" por existires como "tu", que exista um "nós" por quebrares essa barreira que impossibilita a nossa tão desejada união, que se façam das nossas mão um reunir de forças, que esta brasa flamejante que já quase se apaga seja novamente acesa e aqueça, permite sem receios ou ideias pré-concebidas!
   Aí, se me concederes tal momento, aí sim poderás conhecer quem sou e então julgar pela experiência aquilo que poderíamos um dia ter vivido se a minha mão não tivesse já encontrado uma outra, se a minha força não tivesse já tomado outra direcção e se fosses ainda o "tu" que completava o "nós" que tanto precisava de conceber!

   "Oportunidade", é esta a palavra que talvez devesse ter escolhido para quebrar a tal barreira que nos separava e que tu, mesmo sabendo que ela estava ao teu dispor, não usas-te quando assim se pedia. 
   Agora, que esgotadas estão as palavras, espero que o teu olhar se desabitue de ver-me em teu redor e que também ele, tal como eu fiz, encontre um novo ponto em que se fixar. Senhora de si? Hás-de continuar a ser, (senhora) de mim? Não és mais!