segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Removido a laser...

Promessas feitas em vão, apertos de mãos que não se sentem mais, promessas que juras-te, em tempos, levar a cabo e que acabaram por cair por terra. 
A janela pela qual um dia, juntos, vimos nascer o Sol é agora um local de onde, com mágoa, vejo partir a felicidade de um amor que muito havia prometido e que se viu alvo do culminar daquele que havia sido um amor em ambos tatuado. 
Um amor outrora tatuado e que agora aparenta ter sido removido a laser, como se de um erro se tratasse.

Trilhos que se percorrem!

Há quem diga que o esforço é o melhor caminho para chegar à vitória. Pois, bem, e aqueles caminhos que são munidos de horas, dias, muito e intensos momentos de esforço e cujo fim desconhece o paradeiro dessa compensação? Cada vez mais pareço percorrer somente estes últimos e desespero ao reconhecer que tenho tido dificuldade em saber localizar-me de forma a seguir trilhos mais afortunados, trilhos em que uma companhia me ajude a chegar lá. Não preciso que reconheça o esforço, até porque isso seria percorrer uma estrada sem real sentido, sem uma importância verdadeiramente justa ou justificável para tamanho empenho.
Há palavras que nos ajudam, outras que nos deitam completamente por terra e que nos fazem perder as forças que, quando parecem aumentar, se desvanecem num ápice que, de tão veloz, nos rasga o músculo que ainda vai sendo capaz de nos levar a qualquer parte que seja. Ora bolas, essas que não nos fazem falta são tão frequentes e marcantes que acabamos por ter dificuldade em seleccionar aquelas que ainda nos vão dando pequenos choques de ânimo e esperança.
Esperança... bom há quem diga que esta é a última a morrer e que "tudo se irá resolver", a grande questão é que o Homem não é feito de apenas carne e osso e ainda há quem dê uso àquele pequeno motor a que chamamos de coração e que nos propulsiona em pequenos momentos de puro devaneio.
Há dias em que baixar ou cruzar braços nos parece a solução mais fácil, e poderá mesmo ser, mas é também nessas alturas em que se nos rompe uma panóplia de pensamentos que ora nos fazem desanimar ou, por outro lado, nos fazem fortalecer o tal músculo de que à pouco falava (aquele que nos permite agir) e nos levantamos de novo, possivelmente mais fortes, pelo menos até que o próximo incidente se dê.
Resta-nos ir conquistando pequenas batalhas e ganhando armas que nos deixam munidos de uma espécie de anti-corpos que nos são cada vez mais essenciais. Talvez um dia consigamos vencer a derradeira guerra de vez... ou talvez não!

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Numa embarcação chamada "AMOR"


Há momentos, demorados, que se vêm emergir de uma tal ânsia mutua que, depois de eclodirem, se revelam pequenos monstros que nos corroem a mente e nos ocupam o pensamento que assim deixa de estar amarrado às correntes da coerência. 

Esta coerência, que o pensamento agora abandona, poderá ser o resultado daquilo a que alguns chamam de “paixão”. Duas formas de pensar, dois corpos atraídos por forças que nem um nem outro conhecem, sentimentos múltiplos… e estão assim reunidos os elementos que parecem gerar, então, uma nova força. 
 Uma força capaz de mover montanhas, capaz de fazer dos seus motores dois corpos que se materializam num só e ganham força para velejar por mares desconhecidos. 

Mares esses que podem ser turbulentos, mais calmos, exaltados ou de uma acalmia estranhamente presente sobre os rochedos, que parecem querer travar este navio de dois remos. Podem também ser uma constante variação entre uma ondulação bravia, momentos de imensa paixão, e uma ondulação ausente, momentos de pura troca de sentimentos que, na sua exaltação máxima, se revelam ser de uma serenidade tão característica de um momento em que duas mãos se unem e encerram, com força, um amor que mar algum consegue afundar.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Some sort of thoughts!

Sometimes there are some sorts of surprises that make us think for a while. Some of them are positive, the other ones… well they may not be that positive and maybe that's why life is a permanently changing world where only the ones who fight for their aims are able to survive. Maybe I just need to find my inner power, get stronger and start building a new world, my own world!

Luvas encharcadas de felicidade!

Hoje (dia de Inverno segundo consta no meu calendário), nevou na minha terra. Nevou na serra, nevou na povoação, nevou nas mãos frias dos pequenitos (luvas encharcadas de felicidade) e nevou ainda em cima das pequenas árvores, que até hoje não conheciam tal fenómeno. Ainda hoje recordo com saudade quando também eu encharcava as luvas com felicidade e brincava com os meus colegas ao “joga da inocente alegria”.
Ah tempo, esse tempo em que ainda nevava em altura de chuva nos beirais da casa velha ao pé da escola, tempos em que ainda as luvas eram impermeáveis à tristeza, à solidão...
Hoje as minhas luvas ficaram alagadas de melancolia e tristeza ao ver um miúdo, pequenino como os bonecos de neve que fazíamos com a felicidade que se juntava em molhinhos nas nossas mãos. Ali andava ele, sozinho, à procura de um telheiro para se escapar da neve que caía dos ramos do cedro grande ali ao lado. Fiquei triste por ver que ninguém lhe havia ensinado a brincar com a neve, a deixar que a felicidade e a alegria passassem para o interior das suas luvas, pequenas como as suas mãos, já roxas do frio que a solidão lhe trouxe. Toda aquela folia ali no chão, sob a forma de um manto branco, um manto docinho (nunca provaram?). Alguns dizem ser apenas água do céu, mas o miúdo de 5 anos que calçava as botas que o meu avô me tinha dado, dizia que aqueles pequenos flocos eram como pequenos doces que caiam lá de cima, como quando a avó sacudia o saco no natal, no fim do jantar, para ver se havia mais algum rebuçado por lá esquecido.
Hoje a neve fez-me recuperar aqueles tempos, a minha infância. Fez lembrar o apanhar de felicidade com as mãos, sim porque hoje o natal perdeu a sua magia. As crianças devem sim ser acarinhadas, devem sim receber alegria nas suas luvas, no Inverno (quando têm que ir sozinhos para a escola e não têm um avô que lhe dê umas botas quentinhas), se é só no natal? claro que não! Uma criança deve ser amada todos os dias.
Quantas crianças não se sentam em baixo de uma ponte onde corria um rio (não corre porque gelou) e pedem ao Pai Natal um pedaço de madeira para aquecer os irmãos mais novos? E quantas crianças não fazem das luzes de natal da vila ou da cidade o seu anjinho do presépio que nunca tiveram? A todas essas crianças, dêem-lhes luvas quentinhas para elas as irem encharcar de felicidade quando nevar!

Ao longo de um rio!

Por vezes era bom conseguir fechar os olhos e esquecer que existe um ontem, por breves instantes que fosse!
Por mais que tente há sempre um clarão que me bate de frente no rosto, com tal força que impede que me concentre e que deixe escondidos, na sombra, todos os medos e arrependimentos que insistem em não sair da luz da consciência. Talvez fosse mais fácil abrir os olhos e tentar perceber o porquê da sua insistência, o porquê da sua perseguição, mas por que motivo havia eu de me debruçar sobre as margens de um rio que só traz dor quando passa? Dor, arrependimento, mágoa, o rio passa e eu fico, o rio leva com ele o que no caminho se encontra. Já eu tenho que permanecer, gélido e parado no tempo, com tudo o que o rio deixou junto às margens, aquilo que me entregou, mesmo sem pedir permissão para o fazer.
Ainda hoje me questiono se vale a pena olhar para este rio se nem o fundo lhe conheço, não que seja muito fundo, não, apenas não lhe vejo o fundo porque a sua superfície se cobre de falsos sentimentos e palavras turvas, dúbias, desfiguradas pela boca inconsciente de alguns que nele navegam. Fosse toda esta camada destruída, chegasse a luz ao fundo do rio e pudesse eu vê-lo… e tudo seria diferente. Talvez, assim, não hesitasse tanto em olhar aquele percurso de água que é uma vida marcada por correntes adversas, marcada por pequenas embarcações que embatem constantemente no fundo escondido do rio, marcada por pequenas criaturas que fazem deste rio um caminho mais escuro e difícil de seguir.
Hoje não olho mais para o rio. Amanhã talvez me debruce de novo sobre os muros que o delimitam e onde me resguardo quando o rio ameaça subir o leito de cheia e arrasar com toda a esperança que ainda se agarra nas margens, tal como alguns seres teimam em se agarrar ao fundo do rio, onde a falta de luz (leia-se: a falta de verdade) os impede de subir até à superfície, até às margens para onde trago somente aqueles que não carregam o peso de uma âncora e de alguma artilharia que por vezes parece nem lhes custar a carregar e usar.

Rio, amanhã continuaremos a nossa caminhada. Talvez não seja tarde de mais para me ensinares a navegar nas tuas águas!

Quem sabe...


Porque há dias assim. Porque há dias em que me deixo ser a lenha que arde num imenso fogo, um fogo que faz de mim a cinza de uma emoção que outrora foi chama intensa. Porque há dias em que não me preocupo em calçar os chinelos para pisar o chão que deixas-te marcado num passado não muito distante... se assim fosse não poderia sentir as marcas que deixas-te nele. Porque há sempre impressões que não se devem apagar, por mais que elas nos aprisionem numa arca de receios e incerteza. Mas essa impressões, essas marcas; são elas que ainda hoje me fazem ver no vidro o que juntos escrevemos nele quando está frio lá fora. Pudesse eu limpar o vidro e ser dono da certeza que essa marca desaparecesse...
Existe sempre uma letra que custa mais a limpar, a apagar definitivamente, uma letra que teima em ecoar pelos corredores que já percorremos e pelos quais agora caminho na procura de um sinal do que um dia fomos. Não que queira agarrar-me a esse sinal, não, apenas porque cada vez mais preciso de ter a certeza de que um dia existiu um "nós".
Recordo-me que costumavas dizer-me pela manhã que o sol não brilhava com tanta certeza quando estávamos mal, mas então voltavas e fazíamos com que todo esse brilho, toda essa luz se gerasse num só abraço que parecia fazer parar o tempo que só voltava a correr quando soltávamos as amarras que o prendiam a nós.
Hoje essas amarras foram corroídas pela ausência de um sentimento que também se perdeu. Quem sabe um dia ainda nos encontremos e juntos o procuremos. Quem sabe...

Love me... digno de se ouvir e interpretar!


Porque esta letra conta uma história... 


"He cries in the corner where nobody sees
He’s the kid with the story no one would believe
He prays every night, “Dear God won’t you please
Could you send someone here who will love me?”

Who will love me for me

Not for what I have done or what I will become
Who will love me for me
‘Cause nobody has shown me what love
What love really means

Her office is shrinking a little each day

She’s the woman whose husband has run away
She’ll go to the gym after working today
Maybe if she was thinner
Then he would’ve stayed
And she says…

Who will love me for me?

Not for what I have done or what I will become
Who will love me for me?
‘Cause nobody has shown me what love, what love really means

He’s waiting to die as he sits all alone

He’s a man in a cell who regrets what he’s done
He utters a cry from the depths of his soul
“Oh Lord, forgive me, I want to go home”

Then he heard a voice somewhere deep inside

And it said
“I know you’ve murdered and I know you’ve lied
I have watched you suffer all of your life
And now that you’ll listen, I’ll tell you that I...”

I will love you for you

Not for what you have done or what you will become
I will love you for you
I will give you the love
The love that you never knew"

Acordar...

Após uma renovação do blog, deixo-vos um poema (escrito faz já um ano).

Acordar...

Um raio de sol na cara, o som do despertador,
Tudo indica que são horas de acordar
E o meu corpo, cansado e com dor,
Teima em não se movimentar!

Parece ganhar vontade própria, sem lutar,
E começa a fazer-me sentir como um corpo inanimado,
Um corpo que vida alguma parece habitar.
A visão e o tacto são realidades de um mundo afastado.

Começo a tentar mexer as pálpebras, devagar,
E parece que este corpo que julgava possuir
Deixou de me responder e de actuar.
Parece não me ouvir!

Sinto, se é que ainda sei sentir,
Que o sol me queima o corpo e não a mim
E que o único estímulo que parece surgir
É o calor da manhã que hoje me encontrou assim.

Não sabia o que fazer, o que pensar.
Sabia apenas que estava ainda consciente
E que, apesar me sentir a desmoronar,
A minha mente era ainda realidade presente.

Se um filósofo me visse agora, neste estado,
Diria, talvez Descartes, que a alma é uma individualidade,
Que o corpo seria desta separado
E que estava a passar por uma perda de identidade.

Quem sabe não concorde com tal teoria.
Afinal já nem sabia quem poderia ser,
Fazia-se já dia
E eu ali, gélido, sem sequer poder escrever!

Pudera eu escrever como me sinto.
Talvez não chegassem as folhas nem os pergaminhos,
Que este meu pensar, agora distinto,
Parece ter escolhido outros caminhos.

Partiu, levou com ele o corpo que me levava pela mão,
O corpo que me fazia sentir alguém, um ser,
Aquele corpo que parecia conhecer de antemão
E acabei por perder!

Paro agora. Senti um espasmo no braço direito.
É um começo, estou a voltar a mim.
Pareço ouvir bater um coração, uma dor no peito,
E tudo parece iniciar-se assim.

As pernas já se mexem. Não sou eu a ordenar!
O corpo ainda me foge do controlo, da vontade,
E parece começar a comandar
Músculos e movimentos. Sinto ansiedade.

Sinto finalmente uma reacção,
Se física, química ou biológica não sei!
É como que uma força, um empurrão
Que me projecta sem regra ou lei...

Lá consigo abrir os olhos. Um clarão imenso!
Começo a sentir reacções estranhas, desconhecidas,
Não sei se agora me movimento ou apenas penso.

Não sei se morri ou se apenas viajei sem tempo ou lugar.
Por momentos pensei que tinha perdido o meu “eu” nesta viagem
E que tinha que o encontrar.

Busquei, insisti, procurei novamente…
Sentia uma necessidade de me construir
Uma vontade de renovar corpo e mente,
Uma força para não desistir!

Sentia o corpo ainda fraco, mal conseguia andar.
Não hesitei mais e levantei-me, por fim.
Saí então em busca do que faltava recuperar:
Uma nova identidade para mim!